"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Rio de Janeiro, Brazil
Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

segunda-feira, 31 de março de 2008

Dreams Come True

Quando eu volto no tempo e consigo me lembrar das coisas que um dia sonhei, não sinto vontade de voltar àquela época. Os sonhos aconteceram. A vida seguiu o rumo e, para minha felicidade, mesmo com tantos atalhos, desvios, perdas, consegui realizar muitos deles.
Lembro de quando via TV antes de ir para a escola. Normalmente, o finalzinho do 'Xou da Xuxa'. Eu nunca nunca nunca fui de acordar cedo. Detesto até hoje, embora seja inevitável algumas vezes. Sempre assisti muita TV. Hoje em dia nem um décimo do que assistia naqueles anos (87, 88, 89... 2000). Foram quase 15 anos de muitas novelas, programas infantis, sessões da tarde, Jô, Chico Anysio, Hebe, Bozo, Sílvio Santos... até Sérgio Malandro. E, com isso, a minha vontade de um dia ter o meu próprio programa de TV. Era o sonho de criança. Sempre foi, embora tenham surgido outros sonhos.
Quando eu menos imaginei, ele se realizou. Não sem antes um outro acontecer: atuar e estar em cima de um palco. Esse sonho veio depois do sonho do programa de TV, e se concretizou primeiro. As coisas têm sempre uma razão de ser. Palco realizado, foi ele que viabilizou e me ajudou a apresentar os programas 'Janela Indiscreta' e 'Ultra POP', no canal a cabo 36, NET (Niterói/ São Gonçalo), com o empurrãozão da minha mãe e de Luiz Antonio Mello, facilitador. O primeiro programa, muito mais especial, era sobre o mundo do cinema, como o título já entrega. Nele, eu pude produzir especiais, mostrar, através de tantas imagens, padrões de vida, situações cotidianas, fantasia. Tudo aquilo que só a sétima arte é capaz de oferecer.
A música veio depois, com o segundo programa. Bandas, artistas, tudo que eu sempre ouvi a vida inteira ganhou vida (em formato MTV). Acabei realizando um mesmo sonho de duas formas. E tanto o cinema quanto a música renderam outros tantos. Um deles eu achei que jamais fosse realizar: cantar. Sempre fui desafinado, nunca gostei muito da minha voz. Mas, aconteceu também. Numa noite louca, véspera de uma viagem, me empolguei depois de duas caipirinhas e subi no palco (essa sensação é sempre indescritível e mágica) do Cinemathéque, e fui cantar 'Rebel Rebel', com a benção de seu autor, o camaleão David Bowie. Érika Martins, por total acaso, virou madrinha do acontecimento. Ela estava com o 'Chuveiro in Concert', grande karaokê ao vivo. Eu não desafinei. Lembro de pouca coisa. Sei que desci do palco e as pessoas me aplaudiram muito e vieram falar comigo. Eu só conseguia dizer que não sabia o que tinha acontecido. E duvidei de todos aqueles elogios. Mas parece que foram reais, pois fui convidado para uma outra ocasião: show de abertura do Lobão, no Morro da Urca. No segundo palco, outro 'Chuveiro in Concert' estava programado. Com muito medo de errar, cantei a mesma 'Rebel Rebel'. A essa altura, o sonho tinha virado realidade. Nunca tive ambição de nada maior. Eu apenas queria poder cantar uma música um dia.
E agora me resta o cinema. A fábrica de todos os sonhos vai me dar um outro prazer. E a pessoa responsável por isso não poderia ser mais amada: Leila Barreto. Por causa da constatação de todos esses sonhos e tantos outros, também não posso deixar de dizer que um dia uma entidade espiritual me disse que meu destino estava atrelado à comunicação. Não é à toa que trabalho em jornal, hoje em dia (a culpa é de Karla Rondom Prado), depois de passar por TV. E também não é à toa que realizei um outro sonho: o de ter o meu telefone, a minha mesa, o meu computador, no trabalho. Tudo meu, com as minhas fotos. Não podemos esquecer dos pequeninos, porque são cotidianos. Acontecem apenas. É involuntário. Mas, o melhor está por vir. Sempre está por vir. Não sou saudosista. Só tenho saudades do futuro.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Uma Revolução?

Os pensamentos psicóticos não param de aflorar durante a tarde. Quando será que vão parar de atordoar? Normalmente, são as pessoas que provocam esse tipo de confusão. Mas, desta vez, é evidente o problema interno. Nao há culpas. Ninguém ganhou esse título. O de elemento externo torturador e entregador de angústias. Vem de dentro. Essa agonia. Agonia de quê?
Dúvida. Cansaço. Preguiça. Sentimentos tão comuns, ordinários. Ansiedade pelo que vem. Uma mudança radical se apresenta. Talvez seja o ano novo astrológico. Ou a erupção de um vulcão adormecido. Que exploda de uma vez.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sorte

Quando tudo indica que o dia vai ser complicado e as obrigações começam a bater incessantemente à sua porta, o elemento sorte surge (nem sempre, mas quando acontece, é ótimo) e faz tudo funcionar com leveza. Aquela leveza do post de baixo. Lembram? Aquela que é sustentável e tão necessária (para mim). Às vezes, surge uma dúvida, uma angústia na minha cabeça: por que meus temas se repetem tanto? Tudo que eu escrevo é resultado de uma comparação entre a leveza e a dureza da vida. Ora leve, ora pesada, essa vida tão ridícula é alvo de posts queixosos às segundas, e divertidos às quintas. Para mim, são dias-da-semana-divisores-de-águas. Eles compreendem as zonas de humor. E as minhas risadas tão peculiares, tão perseguidas e, ainda assim divertidas, continuam servindo de base para mascarar todo o sofrimento que eu posso vir a ter. Mas com a sorte é diferente. Normalmente provida de boa índole, é muito difícil causar transtorno. O único sentimento maligno que a sorte pode causar é aquele que todo mundo costuma negar a existência: I-N-V-E-J-A. Uma palavra estranha, com três vogais, três consoantes, e um alvo preciso: V-O-C-Ê. Mas a minha sorte de hoje é ter a sorte de ninguém saber que hoje eu tive sorte. Enquanto pensava que tudo seria dificil, impossível, chato e improvável, alguns sinais surgiram e aceitei-os sem pestanejar. Fui contrariado com louvor. Mas, não podemos contar vitória antes do fim da batalha. Essa semana (ainda) conta com outros cinco dias.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A Sustentável Leveza do Ser

O fim da chuva e do plantão do fim de semana me trouxeram um bem-estar inacreditável em plena segunda-feira. Estranhamente (ou seria, naturalmente) tudo encontrou forma (simples). Eu tinha certo receio em começar tudo de novo. Ou melhor, continuar. Agora, a maratona só termina sexta-feira. Mas sei que sobrevivi. Quando conversei com Tuca hoje à tarde, descobri que havia um rastro de felicidade. Não só a dela, tão plena. Eu, com todas as minhas dúvidas, angústias e preguiças, estava feliz. Fiquei leve. Acho que é o estado de espírito que mais me apetece ultimamente. Já não busco tantos outros sentidos, só não dispenso a leveza. E quando isso acontece involuntariamente é ainda mais interessante, porque significa que eu, com toda a maluquice que carrego, arrumei uma forma, ainda que precária, de organizar os meus sentimentos. De viver de acordo com o que acredito e acho certo. Pronto, e não mais danificado, sigo em frente, falando até em polonês.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Ja mieszkac w tym domu

Encantado com as barreiras da linguagem que são rompidas pelo ser-humano. Independentemente dos idiomas, há coisas que ninguém sabe explicar. Larisa, minha amiga da Polônia, chegou terça-feira. Animadíssima, ela ainda está extasiada com as belezas do Rio e de Niterói, principalmente. Estuda espanhol na faculdade e também faz aulas extras de português. Aprende tudo com muita facilidade, é alegre e fala inglês como poucos. É nessa língua que estamos nos comunicando. Embora ela tenha todo esse leque poliglota de opções, Marlene, que trabalha na minha casa há anos, não teve a mesma oportunidade. Perto de completar 60 anos, ela até hoje não sabe ler, nem escrever. Muito menos falar em inglês. Mas, compreendendo a situação e percebendo que temos uma adorável hóspede em casa, ela consegue se comunicar, ser educada e gentil, o que pouquíssimas pessoas, hoje em dia, sabem ser. E nessas horas, todas as palavras se tornam tão inúteis. Apenas os gestos, o sorriso, o afeto, importam.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Blues da Piedade

A segunda-feira acabou de começar. Cheguei do dentista. Tinha uma consulta marcada - ou melhor, trocada - para hoje. Também começo a me preparar para a nova turnê. Se fossem 12 shows, a voz seria uma preocupação. Mas, no meu caso, a voz, embora necessária, não é o mais importante, ainda que ninguém consiga me calar. Eu vou conseguir trabalhar, mas acho que não vou desistir de reclamar. A irritação já começa quando penso nas pessoas que estão desgraçando suas vidas por qualquer ninharia afetiva.
"Don't go for second...", canta Madonna em 'Express Yourself'. Na música, ela fala sobre a precariedade afetiva e faz um apelo ao bom senso, pregando que não devemos nos contentar com migalhas e sim com alguém que tenha estrutura para nos colocar no alto, o que deveria ser sempre um princípio básico. Ou não? Ainda mais quando a história se repete mais de uma vez.
"Já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada...", de Chico Buarque e Tom. Quanta sabedoria! Mas na prática, só idiotice. O sintoma não cansa de se deslocar, roubar situações, regredir, enganar. E como numa velha arapuca, passa uma rasteira naqueles que tem uma alma fragilizada, danificada por pequenos traumas.
Não estou falando de mim, exatamente.
Falo sobre tudo que observo. Esses olhos ordinários enxergam demais, compreendem demais. Mais até do que deveriam. E aí, penso na ignorância. Na facilidade que ela proporciona. No equívoco tão estúpido, fácil. Quando temos placas em linha reta ao lado dos olhos, vemos por uma mesma direção tão precisa, única, que eu, sinceramente, não consigo suportar. É alguma coisa que me corrói. E aflito, não consigo me calar.
Não consigo deixar de expressar o meu desgosto com a cegueira. Ela já me pegou uma vez. Mas me desvencilhei. Sim, voltei a enxergar. Recobrei os sentidos. E agora estou pronto não só para detectar tudo o que acontece comigo, quanto para denunciar aquilo que não presta. E assim sigo matando por aí a mesquinharia humana tão desgraçada e sovina.

"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde..." (Cazuza/ Frejat)