"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Rio de Janeiro, Brazil
Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

sábado, 24 de julho de 2010

Devaneio

Sábado de pouco sol e preguiça,
Cama-masmorra, que não deixa sair
É que a mente anda irritadiça
O corpo está cansado de sacrificar

A mente mente sem dar uma trégua
Somos atores da vida real,
Transeuntes que não usam a régua
Para medir o que é imoral

terça-feira, 6 de julho de 2010

Dia errado

Hoje o dia nasceu com o pé esquerdo
Engarrafamento imprevisível
Primeiro, o táxi enguiçado, o medo
Depois, a angústia tangível
Eu entrei no táxi do lado esquerdo
E desci pelo direito, crível?

Mas dava tempo, ainda era bem cedo
O pior veio depois, sem céu
O ator foi embora pelo lado direito
Eu juro que achei very well
Misunderstood muito, troço sem eixo
Que gastou meu dia sem mel

Voltei quieto, sorrindo pelo caminho
Trabalhei não, fiz passatempo
Ali, sentado como estranho no ninho
Sem mágoa, não é temperamento
É acreditar mesmo na falha do sentido

sábado, 5 de junho de 2010

Destino?

Inundado de pensamentos, estava voltando para casa. Meio sem rumo, na verdade. Até que o ônibus desviou da rota para meu espanto. O motorista resolveu fazer a gentileza de deixar uma senhora mais à frente e mudou o caminho. Com isso, afetou o destino dos passageiros, o seu próprio, e de uma outra pessoa. O sinal estava verde - isso é o que ele insistia em dizer pouco depois do acidente. Ao atravessar um cruzamento, surgiu um carro. Vinha pela rua transversal. A colisão foi fatal. Em instantes, não tive muito tempo para pensar no que estava acontecendo. Apenas segurei o banco da frente com as mãos. Ninguém que estava no ônibus sofreu qualquer arranhão. Mas o carro, sim. Rodopiou feito um pião no meio da avenida. Foi parar do outro lado da pista. De dentro dele, o homem que estava ao volante saiu. De pé. Mas não por muito tempo. Já não consigo lembrar se havia alguém do lado dele. Se sim, talvez não esteja mais entre nós. Horroroso, o acidente logo juntou um numero razoável de pessoas. Uma ambulância chegou em menos de 10 minutos. A polícia também. Éramos quatro ou cinco passageiros. Dois deles ficaram para testemunhar a favor do motorista do ônibus. Eu, não. Queria sair dali. Aquele não era o rumo que eu pretendia tomar esta noite. Peguei o terceiro táxi que passou. Não me contive. Contei ao motorista deste o que tinha acabado de acontecer. Ele ouviu a história. No final apenas disse: "Quando mudamos o destino, estamos sujeitos a isso". Acho que as palavras exatas não foram essas. Mas é uma síntese pertinente. Agora, cá estou eu com a mente recheada de fragmentos do que assisti e do que quase me tornou vítima. Que acaso!

sábado, 15 de maio de 2010

Restart

Desci do ônibus e fui ao supermercado (pela primeira vez, dentro desta nova etapa). Adoro ir ao supermercado. Tenho verdadeiro prazer em desbravar seções. Sempre vou direto à dos vinhos. Depois, à dos laticínios. Comprei champignon, filé de frango, cheddar, cebola, Stella Artois - adoro - e Coca-Cola. Conversei com uma garrafinha de Chandon Baby por uns instantes mas a deixei lá mesmo, na estante. Ainda não é o momento. Antes, consegui comprar a caneta que escreve em CDs e DVDs. Comprei uns virgens para queimá-los com filmes. Desisti da festa. Em pleno sábado. Quanta coragem! Mudar hábitos pode ser uma atividade prazerosa. Fumei dois cigarros na área. O primeiro, só a metade. Estava meio sem jeito entre as roupas estendidas, a cadeira e o cinzeiro. Mas na segunda vez, arrumei um esquema mais agradável. Não queria ficar em pé. Ela percebeu, mas não comentou. Melhor assim. Ela tenta ser discreta, mas observa todos os movimentos. Eu sou mais discreto. Pelo menos acredito nisso. A cópia ainda está em 53,1%. Odeio esperar. Mas sei fazê-lo, às vezes. A cerveja me alimenta enquanto isso. Sinto o churrasquinho misto do almoço ainda vivo dentro de mim. Mas ele já demonstra sinais de enfraquecimento. Fome mesmo... acho que só de novidades. Eu me adapto bem.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Penúltima

O capítulo desta história está quase no fim. Está mais para isso do que para fim de ciclo. A tacinha com a cerveja, um cigarro terminando de queimar no cinzeiro. Mais um trago e ele já era. A privada vai se enchendo de cinzas e pontas. Lua de queijo bola no céu. Minguante, adequada. Na minha direção. Sorrindo para mim, iluminando a alma noturna. Caetano girando na vitrola sem parar. Trilha da vida, da minha madrugada. Uma de muitas outras tão inesquecíveis quanto esta penúltima vez em Laranjeiras.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Ciclo

Dentro de horas, o ponto final. Na verdade, mais algumas reticências da existência. Sinal de sofrimento, deslocamento, coisas de momento. Muitos outros como este, ou pelo menos parecidos, virão por aí. Ansiedade de deixar, ânsia de mudar e muita preguiça. Mas alívio também. Saber dizer adeus, sair de cena. Quantos sabem fazer isso? Limpar o lodo e deixar o jardim transcender? Sempre em frente. Saudades? Só do futuro. Que venha!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Rotina

Às 21h28 desci do ônibus. Por pouco não levei com a porta do supermercado na cara. É que fecha às 22h, sabe? Consegui comprar os filés de frango, o pão e a Coca-cola. Essa nunca pode faltar. Cheguei em casa e fui direto para o quarto, junto com as sacolas. Reparei que a ventania de hoje tinha rompido um dos fios do lado esquerdo da terceira persiana da janela. Subi na cadeira, retirei-a. Levei aquela surra para entender como poderia consertá-la. Mas consegui. Fui para a área, tinha uma pilha de roupa suja para lavar. Escolhi as peças mais importantes e as joguei dentro da máquina. Encarei a louça de dois dias. Venci. Tinha botado na cabeça que ia fazer um frango com gorgonzola, acompanhado de arroz com amendoim e batata palha. Peguei a tábua. Piquei a cebola e o frango. Separei um pedaço de gorgonzola. A Coca foi para o congelador. Refoguei o arroz, botei a Sade para cantar na sala. Ah! Antes da roupa, liguei para uma amiga. Para reclamar um pouco. Foi bom, fiquei aliviado, na verdade. Acendi um cigarro. Depois, um incenso. Voltei para a cozinha para vigiar o arroz. Em 20 minutos ficou pronto. Fritei o frango picado na manteiga com a cebola, coloquei o gorgonzola e uma colher de requeijão. Tudo pronto. Montei o prato e fui para a sala. Agora era a Annie Lennox que estava saindo pelas caixas. Queria ouvir alguma coisa leve, fácil, menos esporrenta. Deu certo. Terminado o rápido e delicioso jantar que, modéstia a parte, ficou maravilhoso. Retornei à área. A roupa precisava sair da máquina e se materializar na corda. Tirei tudo então. Voltei para a pia da cozinha e enfrentei uma nova louça. Fumei outro cigarro enquanto descrevia aqui as últimas três horas. Agora vou para o banho. Solidão, que nada. A cama me espera.

terça-feira, 30 de março de 2010

O Câncer

Ele ronda por aí. Detesta sol, luz, alegria. E consome muita energia. A conta sai cara, às vezes. Uma mancha que foi imposta sem o seu consentimento.
Tem gente que evita até a palavra. Bobagem. É impossível fugir dele, mas é possível lhe dar uma surra. Ainda que não me pertença, convivo há algum tempo com ele contra a minha vontade.
O câncer é traiçoeiro. Pode não estar com você, mas, ainda assim, está próximo. Perto de quem você ama ou destesta. Um amigo, um parente, ou até um inimigo.
Duas das pessoas mais queridas que eu tenho descobriram que possuiam o danado.
E, ao contrário de muita gente que tem, estão aí na batalha com muita dignidade.
É preciso. Têm uma vida que pode se esvair, a morte que assombra. Mas a vida em primeiro lugar. É nela que elas confiam, se apegam, graças a Deus. Deus? Vamos chamar de vida, energia, e não de Deus. Tem horas que essa existência divina parece o mesmo que nada.
Mas, de alguma forma, está por aí.
Enquanto a cura é uma meta, só a busca pela felicidade pode combatê-lo. Elas sabem.
São guerreiras, tiram força de onde sequer podiam pensar que houvesse alguma. E com bom humor. Ah! Porque se não tiver um rastro de alegria fica mais difícil ainda remar para frente.
Não só isso. O amor também. Essas palavras podem ser tolas perto de quem sente o que sente, mas fortalecem. Acredite: você que pode ajudar, fazer melhor, erguer para o alto, mais perto das estrelas até o que não está ao alcance. E confiar, mentalizar, com paciência.
Para todo mal, a cura!

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Solução

Enquanto o nó não se desfaz, buscamos paz para resolver tudo o que precisa ficar para trás.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Shanti/Ashtangi

Eu venero o gurú do pé de lótus
No despertar da felicidade da auto-revelação
Acima da compaixão
Trabalhando como um médico na selva
Para pacificar a perda da consciência
Do veneno de nossa existência
Com a forma de um homem
Com os ombros para o alto
Segurando um escudo, disco e espada
Milhares que tiveram suas cabeças como alvo
Eu faço uma reverência respeitosa
Paz.

*Written by Madonna and William Orbit. Adapted from text by Shankra Charya taken from the Yoga Taravali