"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Stranger in the night

Mais uma mala para ser feita. Só não sei como vou conseguir enfiar dentro dela todas as lembranças que estão passando pela minha cabeça. Uma angústia que precisava ser depositada em algum lugar. O tempo também passou para mim. Já consigo perceber no espelho algumas marcas. Dez anos se passaram e eu estou aqui, sozinho. Hoje, eu não queria que ninguém aparecesse. Tive três perdas muito significativas nesses últimos dois anos. Assim, sem explicação aparente, vítimas do destino, elas se foram. Desse plano. Na verdade, continuam por aqui. São presentes não só na memória, mas também nos objetos que me cercam. Quero acreditar que elas levam vantagem sobre mim e todos os outros que aprendem diariamente a lidar com a saudade. Mas o pior é que tem gente viva que faz tanta falta, que não é mais como um dia de quase dez anos atrás. Esses buracos são preenchidos com muito trabalho, sangue, suor e algumas lágrimas, até transbordam às vezes. E eu devia estar muito feliz por isso. Em parte, estou. Nem poderia ter motivos para queixas. Seria absurdo. Com viagem marcada para daqui a três dias, com direito a uma semana de descobertas e todo o luxo do mundo, I only need to pack my life!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma noite de verão em Botafogo

Caramba! Primeira postagem do ano com dois meses de atraso. Mas é que 2012 chegou uma força tão avassaladora e, ao mesmo tempo, contagiante. Não sei se isso tem a ver com tudo aquilo que dizem sobre o ano que, supostamente, o mundo deveria acabar. Talvez essa sensação de proximidade da extinção esteja inconscientemente nos influenciando. E, por isso, não há lamentos a serem feito. Pelo menos da minha parte. Acabo de parir mais um filho. Esse parece que já nasceu maior do que os outros. Pode ser empolgação do momento, mas é o que eu sinto e é o que me move todos os dias. Difícil não cair em descontentamento às vezes. Mas tudo parece ser tão passageiro e tem aparência de solução. Para cada perda uma compensação. São confortos tão seguros que até conseguem suprir qualquer ausência. Esse mundo que nunca para de girar e traz acertos de contas, revoluções, pacificações e atravessa muita turbulência no caminho. É a inveja gulosa, voraz, a dissecação da nossa alma quase que diariamente. Haja alho, pé de coelho, fitinha do Senhor do Bonfim e armas de Jorge para blindar os ataques. E o Brasil parece que vai bem também. Aquele papo de recessão, desemprego, deu uma certa trégua. Trinta anos se passaram. Três décadas eu atravessei. O número não me deprime. Acontece que os balancetes são latentes. É como se uma parte do quebra-cabeça estivesse perto de ficar completa e como se eu ficasse livre das peças que não se encaixam mais. Ainda que algumas delas sejam figurinhas repetitas. E, enquanto permanecem, eu continuo me desdobrando e me ferindo para que elas me queiram assim como sempre quero estar colado nelas.