"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Rio de Janeiro, Brazil
Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

domingo, 22 de março de 2009

Tão longe, tão perto


A noite de domingo vai caindo. Dia de tempo nublado, ressaca básica, e muitas horas de sono. Ainda assim, é como se faltassem muitas. Sem aperto no peito, o que é bom sinal. Não foi uma superbebedeira, mas deu para enlouquecer um pouco. Sempre dá, na verdade. Talvez o efeito ainda seja do show do Radiohead. Como essas apresentações ao vivo são poderosas! É impossível parar um minuto sequer de pensar na existência. Não só na sua, mas das milhares que também estão ali por um mesmo interesse. Apatia e empolgação todo o tempo. Um show bipolar para uma platéia borderline. O Radiohead é assim. Começa na mania e vai até a depressão passando por todos os estágios emocionais. É assim que funciona. Ora vem um sentimento de fracasso, ora vem uma constatação. Depois um alívio, uma nova saída. Esses dias tão tumultuados. Muita energia no ar, boa e má. É um duelo cósmico invisível, mas com consequências. É preciso estar atento e forte todo o tempo, de vigilia. Uma tocaia pode ser fatal. Um passo para trás em falso, e lá há um buraco esperando. Uma espécie de arapuca mesmo. Ninguém perceberia. "Essa cidade está cheia de buracos, essa prefeitura não faz nada", dispara uma senhora no ponto de ônibus. É que ela sequer podia imaginar o olhar maligno que fora lançado por ali há um minuto atrás. É tão perto e tão longe. Se fosse possível vasculhar a mente de quem está ao lado, talvez uma boa intenção ou expectativa funcionasse. Ou então se frustrasse mais rápido. Só que essas respostas só o tempo vai dizer, é uma questão de investimento.

sábado, 7 de março de 2009

Pobre Barata

Estava sentindo a presença de alguém. Mais de uma vez. Eram passos, apenas passos de algum ser. Mas sumiu o barulho. Esqueci. Até porque estava mesmo é com outra coisa na cabeça.
Entrei no banho. Precisava daquela água mais que tudo, para me molhar. E, enquanto me deleitava com a água que escorria pelo chuveiro em mim, esqueci meu nome. Tinha apenas um basculante à minha frente. Com vidro, claro, e branco. Apenas um basculante. Já não sabia mais o que estava fazendo ali naquele momento. Por que a necessidade de estar em contato com a água em abundância? Estava ali para encontrar uma barata. Sim, era ela quem fazia ruídos criminosos com seus suspeitíssimos passos. Pensava que era discreta! Coitada. Estava marrom daquele jeito, pespegada onde deveria estar a tampa da pasta de dente. Não guardei a marca, mas certamente é uma dessas de menta, hortelã, ou qualquer coisa refrescante. Exibida, imponente, ela estava ali para me enfrentar. Preferi observar meu reflexo no espelho antes de fazer qualquer coisa. Voltei os olhos para ela, ali, imunda, tão inimiga. Parei as mãos, e procurei por algo líquido que pudesse matá-la, ou algo que a fizesse desaparecer. O mais próximo que encontrei foi frasco de acetona. Sabia que isso não não lascaria nem o esmalte da maldita, mas poderia surtir algum efeito devastador, vil, sobre a pequena marrom.
Dei um toque no mármore da pia. Ela se assustou, mas não muito. Estava de tocaia com certeza. Do tipo bem esperta e veterana. Sim, ela tinha um gingado impressionante. E assim saltou do mármore para debaixo da balança que fica no banheiro. A desgraçada não pesa nem um grama. Que filha da puta! Só é barata mesmo porque ninguém sabe de onde veio e para aonde vai. Essa peste transviada traz nojo e aflição a quem não a suporta, e simplesmente um vazio para quem sabe conviver com ela, pobre barata.

domingo, 1 de março de 2009

O Carnaval mexe com as pessoas

Foi bom enquanto durou. A quarta-feira de cinzas tinha mesmo de traumatizar. Mas perdão desnecessário não se pede mais. Para cada vacilo um vácuo de existência. Com as palavras do Gentileza, a gente segue com certeza.