"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Princípios de realidade

A Europa enche qualquer pessoa de glamour e gás, ainda mais quando se está na Riviera Francesa. Eu nunca imaginei que fosse parar lá aos 26 anos. Aliás, nunca pensei que o meu cinema iria parar tão longe. "Express", curta concebido por Leila Barreto, e executado por nós dois, Daniel Abud e minha sister, Luiza Scarpa, ganhou espaço, de última hora, no Short Film Corner, braço do Festival de Cannes. Aconteceu tão depressa. Dois dias de filmagens, duas madrugadas de edição. É possível fazer cinema de qualidade com baixo orçamento. Parece que obedecemos ao tão manjado jargão de Glauber Rocha: "uma câmera na mão e uma ideia na cabeça". Não é que dá certo? Assim nascem também os filmes experimentais. Por causa disto, passei 14 dias em Cannes e dois em Lisboa. Com isso, saí do meu cotidiano já tão desgastado, sem graça, e repetitivo. Acho que foi uma salvação divina, coisa do tipo. Eu sabia que precisava de mudanças, apenas não imaginava o quão drásticas eles seriam. E agora, com um restinho do bronze que peguei às margens do Mar Mediterrâneo, estou em casa, Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. Sem o sol da Croissette, hoje faz um céu cinza bem escroto. E pálido, como tudo que não possui mágica. Não temos mais tapetes vermelhos, Angelina e Brad, Tarantino ou Almodóvar, muito menos as pernas de Sharon Stone. A Palma de Ouro não foi desta vez. Agora sinto que é hora de encontrar uma forma mais digna de sobreviver dentro deste marasmo tão sem graça que nos ameaça diariamente. E como fazê-lo?

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