"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Rio de Janeiro, Brazil
Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Retenção

O problema da descarga denunciou um aprisionamento de sentimentos. Veio a prisão de ventre, a detenção da merda numa masmorra. O coração? Esse só sabe fazer alarde, está a ponto de implodir a qualquer momento. Mas, por outro lado, parece que é só um blefe de jogador experiente. Músculo insolente. É cego e surdo, mas fala pelos cotovelos. Que peste do inferno! Foi se alastrando pelas artérias, maltratando mesmo. Quem poderá consertá-lo? E a descarga, meu Deus!? O jeito é cagar? Só pode.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Próxima parada

"Em mim não habita o deserto que há em ti,
Minha alma é um oásis luminoso.
Você constrói sua jaula, e nela quer ficar -
Cuidado!
Eu faço o que acho que deve ser feito
Na hora certa.
Tem diferença entre paixão e projeção?
Será que terei de me tornar um insensível,
Só pra suprir a demanda do mercado atual?
Quanto mais eu me acho,
Mais eu me perco.
Mas que os tambores batam
E que tudo se acenda
Forte" (Jorge Salomão)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

A expectativa

Quando concluí que paixão é o que move
Queria proporcionar todo o bem que guardo em mim
Presentear, escolher a surpresa adequada
Para aliviar aquele dia nublado que a criatura passou

Ficar por horas e horas só roçando os pés
Sentir as temperaturas que só dois corpos noturnos
São capazes de atingir depois daquele ato
Fumar o cigarro da desobsessão e descer até o peito

Recostar bem naquele mamilo ainda aceso
Falar sobre o infinito, ar rarefeito que domina o quarto
Lembrar do gemido que ouvi ao pé do ouvido,
Gargalhar, abraçar e imaginar que tudo pode dar certo

terça-feira, 19 de março de 2013

Insight

Ficou menos quente, mas a agonia cresceu. Cansei dessa gente, preciso ser mais eu. Vontade de voar, e desobedecer. Voltar a respirar alegria de viver. Pegar o próximo avião, visitar o infinito, um lugar onde o 'não' não traz conflito. E o brilho não ofusca, a verdade não tem razão, prazer é guiar o fusca, viajar pra outra dimensão. Preguiça dos outros, das opiniões pequenas, do prazer dos loucos, dessas caras amarelas.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Identidade

"Não posso ir porque estou sem identidade", pensou em um insight tão franco. Foi puxado para fora um pensamento sempre tão nebuloso. Estava com dificuldades. Não estava confortável desde que chegara. Nem mesmo queria ir, mas foi. Queria trocar ideias, já havia dançado miudinho nos últimos dias. Sem energia para conceder mais uma dança a quem quer que fosse. Embora tenha quebrado uma das promessa que havia feito no começo da semana, procurou ser fiel a si mesmo e disse não. Há muito andava habituado a se torturar ou se deixar persuadir por aquele antigo jogo. Agora era como um estranho praticamente. Semblante descrente no que assistia. Fumou dois cigarros seguidos. Não deixou de se expressar. Mas a cabeça estava visivelmente, pelo menos deveria, muito adiante, longe dali. Não conseguiria existir por muito mais. Então recusou. Preferiu descer daquele mundo para entrar num táxi. Estranhamente, era mais familiar do que contexto anterior. Um estrangeiro naquele que costumava ser seu país. Mas como não o habitava há tempos, desacostumou-se. Lembrou que era livre, diferente do resto. Pensou no preço que paga por isso. E não fez concessão. Tocou para casa em busca de raízes.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Choro

Ouvindo sem parar Gal cantar 'Mãe'. Ficou no repeat várias vezes. Não quero parar de ouvi-la desde que fui ao show. O título é uma palavra que nunca mais vou usar como vocativo. Não posso mais chamá-la. Quer dizer, até posso, mas ela não pode me responder. Não como fazia antes. Lembro tanto das mãos e do nariz. O sorriso, a voz, o cabelo vermelho. Sempre bonita e maquiada. Tão meiguinha! Às vezes, durona. Mas tinha um coração tão grande, era passional quase sempre(pausa para choro). Agora está lá, ao lado de outras três pessoas que foram e sempre serão tão importantes na minha vida. Só me sinto sem chão. Perder a mãe é o verdadeiro corte do cordão umbilical, uma distância, um rompimento tão drástico e definitivo. Os próximos minutos, horas, dias da minha vida têm sido sem ela já tem um tempo. E eu me sinto como uma criança que ficou órfã. A vida também pode ser madrasta e solitária. No fundo, estamos todos sós na hora da angústia.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Uma noite reveladora

Enquanto reparo se a respiração dela está normal, ouço os roncos dele. Uma noite jamais pensada no hospital. Nós três burlando as regras outra vez. Ela dorme sorridente, como se fosse acordar de um sonho delicioso, e, quem sabe, se levantar e sair correndo. Continua linda. Sua beleza é indestrutível, assim como o afeto que todos nutrem por ela. O sono dos justos ela está tendo agora. Viveu 100 anos em 56, numa velocidade e numa intensidade estonteante. Buscou o sentido da vida, uma resposta, e só agora parece ter encontrado. E estava tudo bem debaixo de seu nariz. Que capacidade incrível de transformar qualquer pessoa que teve oportunidade de conhecê-la. São tantos exemplos, basta olhar ao redor. Certa ou equivocada, é um exemplo de ser humano. Que orgulho ser criado por uma criatura tão intuitiva, evoluída, cheia de graça. Ela é imortal, está sendo aguardada no céu. Vai poder, enfim, reencontrar o filho de quem sentiu tanta falta nesses últimos 28 anos. Vai pegá-lo no colo para criá-lo até que nós também estejamos preparados para nos reencontrar do lado de lá. Eles já estão ansiosos por sua chegada e nós apenas precisamos deixá-la partir, sabendo que sua existência jamais há de se desintegrar em nossos corações.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Stranger in the night

Mais uma mala para ser feita. Só não sei como vou conseguir enfiar dentro dela todas as lembranças que estão passando pela minha cabeça. Uma angústia que precisava ser depositada em algum lugar. O tempo também passou para mim. Já consigo perceber no espelho algumas marcas. Dez anos se passaram e eu estou aqui, sozinho. Hoje, eu não queria que ninguém aparecesse. Tive três perdas muito significativas nesses últimos dois anos. Assim, sem explicação aparente, vítimas do destino, elas se foram. Desse plano. Na verdade, continuam por aqui. São presentes não só na memória, mas também nos objetos que me cercam. Quero acreditar que elas levam vantagem sobre mim e todos os outros que aprendem diariamente a lidar com a saudade. Mas o pior é que tem gente viva que faz tanta falta, que não é mais como um dia de quase dez anos atrás. Esses buracos são preenchidos com muito trabalho, sangue, suor e algumas lágrimas, até transbordam às vezes. E eu devia estar muito feliz por isso. Em parte, estou. Nem poderia ter motivos para queixas. Seria absurdo. Com viagem marcada para daqui a três dias, com direito a uma semana de descobertas e todo o luxo do mundo, I only need to pack my life!

quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma noite de verão em Botafogo

Caramba! Primeira postagem do ano com dois meses de atraso. Mas é que 2012 chegou uma força tão avassaladora e, ao mesmo tempo, contagiante. Não sei se isso tem a ver com tudo aquilo que dizem sobre o ano que, supostamente, o mundo deveria acabar. Talvez essa sensação de proximidade da extinção esteja inconscientemente nos influenciando. E, por isso, não há lamentos a serem feito. Pelo menos da minha parte. Acabo de parir mais um filho. Esse parece que já nasceu maior do que os outros. Pode ser empolgação do momento, mas é o que eu sinto e é o que me move todos os dias. Difícil não cair em descontentamento às vezes. Mas tudo parece ser tão passageiro e tem aparência de solução. Para cada perda uma compensação. São confortos tão seguros que até conseguem suprir qualquer ausência. Esse mundo que nunca para de girar e traz acertos de contas, revoluções, pacificações e atravessa muita turbulência no caminho. É a inveja gulosa, voraz, a dissecação da nossa alma quase que diariamente. Haja alho, pé de coelho, fitinha do Senhor do Bonfim e armas de Jorge para blindar os ataques. E o Brasil parece que vai bem também. Aquele papo de recessão, desemprego, deu uma certa trégua. Trinta anos se passaram. Três décadas eu atravessei. O número não me deprime. Acontece que os balancetes são latentes. É como se uma parte do quebra-cabeça estivesse perto de ficar completa e como se eu ficasse livre das peças que não se encaixam mais. Ainda que algumas delas sejam figurinhas repetitas. E, enquanto permanecem, eu continuo me desdobrando e me ferindo para que elas me queiram assim como sempre quero estar colado nelas.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Feliz Ano Velho

Fim de ano, fim de ciclo, fim de um tempo. Fim. O cerco vai se fechando e, com isso, apertando todos os parafusos que ainda estão precisando de uma regulagem na cuca. É assim que vamos repensando a vida e suas complexidades para podermos renascer e buscar um novo caminho, ou pelo menos uma ferramenta que sirva. Mudamos o tempo todo. Quem ficou preso ao ontem, apegado ao que já passou, certamente vai ter mais dificuldades. Mas fácil não é para ninguém. Repensar tudo o que aconteceu até agora, analisar todos os desdobramentos de uma ou várias situações ao mesmo cansa. Essa fadiga mental, e até espiritual às vezes, necessita de válvula de escape. Com a passagem sentimental do Natal, algumas angústias até desaparecem entre um pedaço e outro de chester, uma fatia de lombinho, batatas, farofa. E o álcool, é claro, sempre funciona como um bálsamo benigno para quem não se torna escravo dele. A bebida acompanha todos os eventos, os reencontros, potencializa os afetos, afasta a tristeza. E assim, sem entendermos bem o sentido das coisas, passamos por tudo isso... até recomeçarmos esse mesmo ritual anual. Não como no ano passado. Algumas questões mudam. Mas se acertamos aqui, erramos ali, ou revestimos um problema com outra fantasia, é sinal de que houve movimento. Pode ter havido até alguma evolução e, uma coisa que antes era fundamental, agora não se encaixa mais. É uma questão de tempo e espaço.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Maria Antonia

Estava sentado na praia vendo o Pacífico
E, sem que eu me desse conta da emoção,
O mar quebrou em ondas pelos meus olhos
Saudade em um ritmo alucinante e híbrido

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

En México

Hoje andei pela rua, observei os rostos, os gostos, o que bebiam, quanto pagavam. Comprei uma pasta de dente finalmente. Fiquei com medo de ser cola para dentadura. Não li direito o que estava escrito na embalagem, em espanhol, é claro. Não sei de onde, nem como, mas o pouco que armazeno neste cérebro-HD tem funcionado muy bien. Descobri que existe leite condensado na Colômbia, até feijoada eles fazem lá. Não me pergunte como cheguei a essa descoberta. Talvez por causa da profissão, desse vício de investigação. É que os interesses e assuntos acabam sendo os mesmos. Engraçado isso. É um lifestyle... o apreço pelos bons drinques, o vinho, a comida, a cultura. Ingerimos isso diariamente, involuntariamente. Mas por que recorremos sempre ao tempo quando existe uma falta de assunto? Não importa o idioma, é assim que uma conversa evolui ou não. Ainda não tenho uma opinião formada sobre o México, pero me gusta. Não posso negar a injeção de felicidade que me foi aplicada graças a essa viagem inusitada. Tem coisas que só o acaso faz por você. Para todas as outras ainda existe Mastercard. Não se engane: as melhores coisas da vida não são de graça. Elas custam alguns dólares, bajulação, oportunidade e muita habilidade. E também precisam de um empurrãozinho, lábia. Sabe como?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Inquietação

Um pouquinho de angústia, muita preguiça, falta de sono, de papel higiênico, de amor. Tudo assim, juntinho, numa véspera de segunda-feira. Esse estado queixoso, típico de uma madrugada de domingo para segunda, parece não ter antídoto. A música que toca é até boa. As luzes da casa estão acesas... Antes que eu conclua o pensamento, sou interrompido por uma mensagem. Talvez aquela que resuma bem tanta inquietação, a que é mais frequente, a que me preocupa mais. Uma história que não está destinada a um happy end, mas que tem momentos felizes no trajeto, outros nem tanto. Mas amanhã vai ser outro dia. Quem sabe um milagre muda o rumo dessa prosa? Oremos.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Prisão Perpétua

Excitado, aceso, mas cansado também. O relógio do computador marca 5h11. Ao fundo, o som da televisão. Do outro lado das vidraças ainda é noite, bem escura. Alguns prédios piscam. Vejo meu reflexo em um dos vidros. Me sinto vazio, sem ter o que dizer. Estou em silêncio há algumas horas. Queria dormir, mas não posso. Só quando esse plantão terminar. Não precisei sair até agora. Não consegui fazer uma ligação sequer. Nem precisei. Eles fazem tudo e compartilham. Nenhuma urgência roubou a cena. Que bom, melhor assim. Ansioso para ir embora, agora falta apenas 1h45 para isso acontecer. Evitar olhar o relógio parece que acelera seus ponteiros. Mirá-lo é praticamente uma prisão perpétua. O que faço agora? Estou entre o hoje e o amanhã, virado. Um dia que só existe para mim, mas é escuro. Que termine logo!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Águas de Fortaleza

De repente, aqui, num ponto qualquer do 'Atlantic Ocean', de frente para esse mar tão infinito, largo, volumoso, profundo. Como é bom poder observá-lo com calma e apreciar sua beleza tão singular. O azul é emocionante. As caravelas estacionadas, uma onda à parte. Mansas, as àguas de Fortaleza acalmam os olhos e o coração. São estáveis, equilibradas, não quebram, não espumam. Que privilégio poder existir nesse lugar, nordeste do Brasil. Simplesmente estar.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Um quarto de hotel em São Paulo

Ainda impressionado com a estranheza do dia. Primeiro um filme surreal, longuíssimo, tristíssimo, desconfortável, agoniante. Depois uma viagem para São Paulo igualmente esquisita, vazia, fria. Terminei o jantar rápido. Sentei à mesa sozinho, como fiz poucas vezes. Não queria interagir com ninguém, nem conhecia ninguém. Quando terminei, pedi um vinho para viagem. Queria voltar para o quarto, mas também precisa respirar. Então, dei uma volta no quarteirão para fumar um cigarro e absorver o inverno que está chegando a esta cidade. Frio que não era de Paris, nem de Londres, infelizmente. Queria estar em qualquer outro lugar, menos neste quarto. Queria acertar a comunicação, escrever torto nas linhas certas. O contrário, talvez. Mas escrevi tantas coisas e não consegui enviá-las. Faltou coragem, deu preguiça. Não queria a ansiedade das réplicas, nem imaginava escrever tréplicas em algum momento. Preferia ser ouvido e entendido e ponto. Mas quase não tinha a dizer. Essa que é a verdade do vazio deste quarto de hotel. Um copo que não esvazia, um sono que não me derruba, a falta de algo interessante na televisão. Voltei e não consegui tirar os sapatos como fiz assim que cheguei. Abri o vinho, sim. Transformei um pires que encontrei no armário em cinzeiro imediatamente. Nem sei se posso fumar aqui dentro. Mas não me preocupei com isso. Preciso ainda encontrar no silêncio e na falta de sentido desse dia uma resposta. Seja qual for. Medo do negativo, desejo do impossível. Hoje está faltando fé na positividade, mas por quê? São 11h24 no microondas que está à minha esquerda. A tv de plasma desligada. Pouca luz, a música parou de tocar e não consigo escolher outra. Muito menos terminar essa garrafa de 375 ml. Meu quarto fica do lado do elevador, no segundo andar. Tem vista para prédios altos. Eles emolduram a noite preta, em Moema.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Uma noite em Botafogo

Um cheiro de chuva invadiu todos os poros do apartamento. Não caía nada do céu há muito tempo. Talvez desde que o drama se instaurou há mais de um mês. Na verdade, existe um sopro de sofrimento no ar tem tempo. Mas é melhor esquecê-lo, transformá-lo, guardá-lo em algum lugar, por alguns instantes. Para não enlouquecer e poder transcender. Troquei as pilhas do gás para, enfim, tomar um banho quente. Não que estivesse frio, estava calor até. Queria confortar o corpo e a alma. Acho que consegui, por um segundo, encontrar a paz aqui. Home sweet home.

sábado, 24 de julho de 2010

Devaneio

Sábado de pouco sol e preguiça,
Cama-masmorra, que não deixa sair
É que a mente anda irritadiça
O corpo está cansado de sacrificar

A mente mente sem dar uma trégua
Somos atores da vida real,
Transeuntes que não usam a régua
Para medir o que é imoral

terça-feira, 6 de julho de 2010

Dia errado

Hoje o dia nasceu com o pé esquerdo
Engarrafamento imprevisível
Primeiro, o táxi enguiçado, o medo
Depois, a angústia tangível
Eu entrei no táxi do lado esquerdo
E desci pelo direito, crível?

Mas dava tempo, ainda era bem cedo
O pior veio depois, sem céu
O ator foi embora pelo lado direito
Eu juro que achei very well
Misunderstood muito, troço sem eixo
Que gastou meu dia sem mel

Voltei quieto, sorrindo pelo caminho
Trabalhei não, fiz passatempo
Ali, sentado como estranho no ninho
Sem mágoa, não é temperamento
É acreditar mesmo na falha do sentido