"Enquanto houver champanhe há esperança" (Zózimo)
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Sem uma verdade-conclusão, sigo escrevendo com paixão sobre tudo que absorve essa existência do cão.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Blues da Piedade

A segunda-feira acabou de começar. Cheguei do dentista. Tinha uma consulta marcada - ou melhor, trocada - para hoje. Também começo a me preparar para a nova turnê. Se fossem 12 shows, a voz seria uma preocupação. Mas, no meu caso, a voz, embora necessária, não é o mais importante, ainda que ninguém consiga me calar. Eu vou conseguir trabalhar, mas acho que não vou desistir de reclamar. A irritação já começa quando penso nas pessoas que estão desgraçando suas vidas por qualquer ninharia afetiva.
"Don't go for second...", canta Madonna em 'Express Yourself'. Na música, ela fala sobre a precariedade afetiva e faz um apelo ao bom senso, pregando que não devemos nos contentar com migalhas e sim com alguém que tenha estrutura para nos colocar no alto, o que deveria ser sempre um princípio básico. Ou não? Ainda mais quando a história se repete mais de uma vez.
"Já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada...", de Chico Buarque e Tom. Quanta sabedoria! Mas na prática, só idiotice. O sintoma não cansa de se deslocar, roubar situações, regredir, enganar. E como numa velha arapuca, passa uma rasteira naqueles que tem uma alma fragilizada, danificada por pequenos traumas.
Não estou falando de mim, exatamente.
Falo sobre tudo que observo. Esses olhos ordinários enxergam demais, compreendem demais. Mais até do que deveriam. E aí, penso na ignorância. Na facilidade que ela proporciona. No equívoco tão estúpido, fácil. Quando temos placas em linha reta ao lado dos olhos, vemos por uma mesma direção tão precisa, única, que eu, sinceramente, não consigo suportar. É alguma coisa que me corrói. E aflito, não consigo me calar.
Não consigo deixar de expressar o meu desgosto com a cegueira. Ela já me pegou uma vez. Mas me desvencilhei. Sim, voltei a enxergar. Recobrei os sentidos. E agora estou pronto não só para detectar tudo o que acontece comigo, quanto para denunciar aquilo que não presta. E assim sigo matando por aí a mesquinharia humana tão desgraçada e sovina.

"Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde..." (Cazuza/ Frejat)

2 comentários:

Anônimo disse...

pensar na mesquinharia alheia me faz mal, apesar de adorar a música. e pensar que essa letra já foi tema de piada entre amigos... um amigo a recebeu como "presente" de uma ex-namorada, coitado. é de traumatizar a pessoa. mas ele levou na boa e a gente faz piada, pois assim a vida não fica tão chata. vira e mexe aparece um cantando a estrofe das "sementes mal plantadas". e todo mundo cai na gargalhada. ;-)

não entro aqui na questão se ele foi ou não covarde, pois não tava no meio da relação pra saber. mas quando acontece comigo (é difícl, também costumo ter faro para isso), tento dar a mínima importância possível. é só riscar da lista. tem muita gente boa no mundo para eu perder tempo com mesquinharia.

mas também fico P da vida se atinge um amigo!

boa sorte na sua empreitada! lembre-se, seu riso é a sua melhor arma. incomoda os fracos. e em segundo vem a palavra.

Anônimo disse...

Bom queridos, só dá para lembrar que o contrário do amor não é o ódio e sim a indiferença.Abraços